Seminário organizado pelo projeto TiTuSS (Impactos Económicos, Sociais e Ambientais da Expansão da Rede de Transportes e seus efeitos no Sistema Urbano) sobre os impactos territoriais da expansão rede de autoestradas. O projeto TiTuSS é coordenado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e pelo Instituto Superior Técnico (IST), com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Portugal tem uma das redes ferroviárias menos densas e menos competitivas entre os países da UE. Apesar do desígnio da modernização da rede proclamado pelos vários planos para o sector, na realidade o resultado final foi, muito frequentemente, o encerramento de linhas ferroviárias. Na década de 1990 foram encerrados mais de 700 km e só entre 2009 e 2012 encerraram outros 500 km de ferrovia. O oposto sucedeu com a rodovia e, em particular, as autoestradas. Se em 1986, no ano de adesão à então CEE, Portugal tinha uma das mais baixas dotações de autoestradas entre os países europeus, desde então a rede cresceu rapidamente. Em 2000 a densidade da rede já tinha ultrapassado a de países como a Alemanha e os Países Baixos, por exemplo. A extensão da rede cresceu a uma taxa média anual de 9% entre 1986 e 1990, 17% entre 1990 e 2000, e 5% entre 2000 e 2010. No total, a rede aumentou cerca de 2900 km desde a adesão à EU, tendo atingido o pico em 2013 com 3065 km. Temos atualmente a quinta maior densidade de autoestradas per capita da UE27 e a segunda maior densidade entre os países da UE15.
Mas quais foram os impactos no território de todo este investimento? Terão as autoestradas contribuído para uma maior coesão territorial? A equipa do projeto TiTuSS estudou os impactos socioeconómicos e territoriais da expansão da rede de vias rápidas, nomeadamente a forma como influenciou os padrões de localização da população, das empresas, e do emprego em Portugal e, consequentemente, o sistema de mobilidade. As autoestradas facilitaram o aumento da população e do emprego nos municípios por onde passam, mas promoveram, também, uma dinâmica de suburbanização dispersa em grande escala com a polarização do sistema urbano em torno de duas vastas aglomerações urbanas que concentram cerca de metade da população e do emprego nacionais, mas cujos núcleos centrais perderam peso. A expansão das autoestradas facilitou a desertificação do interior e dos centros históricos das cidades.
Por seu turno, este modelo de expansão urbana dispersa e fragmentada, que as autoestradas facilitaram promoveu uma maior dependência do automóvel particular, o aumento dos níveis de consumo energético, de poluição do ar e sonora, e uma e a maior necessidade de subsidiação do transporte público. As políticas públicas de investimento em transportes terrestres nos últimos 50 anos promoveram um modelo de organização territorial com elevados custos ambientais e de reversão muito dificíl no médio prazo, revelando por isso um forte obstáculo à transição para um paradigma de desenvolvimento sustentável.
Este seminário pretende refletir e discutir sobre o impacto da (in)coerência entre as políticas de gestão territorial e as políticas setoriais de transportes na sustentabilidade territorial do modelo de desenvolvimento económico. Serão apresentadas comunicações sobre o impacto dos modelos de governança, dos instrumentos de planeamento urbano, e dos sistemas de mobilidade nas dinâmicas da expansão urbana à escala nacional e metropolitana.
Portugal tem uma das redes ferroviárias menos densas e menos competitivas entre os países da UE. Apesar do desígnio da modernização da rede proclamado pelos vários planos para o sector, na realidade o resultado final foi, muito frequentemente, o encerramento de linhas ferroviárias. Na década de 1990 foram encerrados mais de 700 km e só entre 2009 e 2012 encerraram outros 500 km de ferrovia. O oposto sucedeu com a rodovia e, em particular, as autoestradas. Se em 1986, no ano de adesão à então CEE, Portugal tinha uma das mais baixas dotações de autoestradas entre os países europeus, desde então a rede cresceu rapidamente. Em 2000 a densidade da rede já tinha ultrapassado a de países como a Alemanha e os Países Baixos, por exemplo. A extensão da rede cresceu a uma taxa média anual de 9% entre 1986 e 1990, 17% entre 1990 e 2000, e 5% entre 2000 e 2010. No total, a rede aumentou cerca de 2900 km desde a adesão à EU, tendo atingido o pico em 2013 com 3065 km. Temos atualmente a quinta maior densidade de autoestradas per capita da UE27 e a segunda maior densidade entre os países da UE15.
Mas quais foram os impactos no território de todo este investimento? Terão as autoestradas contribuído para uma maior coesão territorial? A equipa do projeto TiTuSS estudou os impactos socioeconómicos e territoriais da expansão da rede de vias rápidas, nomeadamente a forma como influenciou os padrões de localização da população, das empresas, e do emprego em Portugal e, consequentemente, o sistema de mobilidade. As autoestradas facilitaram o aumento da população e do emprego nos municípios por onde passam, mas promoveram, também, uma dinâmica de suburbanização dispersa em grande escala com a polarização do sistema urbano em torno de duas vastas aglomerações urbanas que concentram cerca de metade da população e do emprego nacionais, mas cujos núcleos centrais perderam peso. A expansão das autoestradas facilitou a desertificação do interior e dos centros históricos das cidades.
Por seu turno, este modelo de expansão urbana dispersa e fragmentada, que as autoestradas facilitaram promoveu uma maior dependência do automóvel particular, o aumento dos níveis de consumo energético, de poluição do ar e sonora, e uma e a maior necessidade de subsidiação do transporte público. As políticas públicas de investimento em transportes terrestres nos últimos 50 anos promoveram um modelo de organização territorial com elevados custos ambientais e de reversão muito dificíl no médio prazo, revelando por isso um forte obstáculo à transição para um paradigma de desenvolvimento sustentável.
Este seminário pretende refletir e discutir sobre o impacto da (in)coerência entre as políticas de gestão territorial e as políticas setoriais de transportes na sustentabilidade territorial do modelo de desenvolvimento económico. Serão apresentadas comunicações sobre o impacto dos modelos de governança, dos instrumentos de planeamento urbano, e dos sistemas de mobilidade nas dinâmicas da expansão urbana à escala nacional e metropolitana.
Recomendamos rever o episódio #3 Mudar de vida: O fim da sociedade rural, do documentário "Portugal, Um Retrato Social", de autoria de António Barreto.